Inteligência artificial. Equipamentos de diagnóstico por imagem cada vez mais precisos. Medicamentos desenvolvidos a partir do sequenciamento de genes. Ciência de dados aplicada a estudos epidemiológicos. A lista de novidades – algumas já nem tão novas assim - poderia seguir por alguns parágrafos.
Mas o dito acima já prova a tese: a inovação tecnológica tornou-se parte indissociável do ecossistema de saúde. E o futuro, ao que tudo indica, fortalecerá ainda mais a relação de simbiose entre profissionais e empresas de tecnologia e de saúde.
Antes de seguir, uma observação importante. Desde sempre a medicina e outras áreas do cuidado conquistam avanços graças ao trabalho de pesquisadores ligados a outros segmentos. As cirurgias foram transformadas pelo uso do laser. A radiologia, especialidade na qual atuo, tem dívidas enormes com a física. O que muda, agora, é a velocidade e a intensidade das relações entre saúde e tecnologia.
Apaixonado pelo assunto, acredito que todos temos a ganhar. Principalmente se colocarmos no centro do debate uma ideia das mais antigas: a importância da ética como guia para nossas ações. A partir daí, a relação entre tecnologia e saúde ganha força inimaginável.
A inovação na saúde precisa ter como propósito a oferta de mais acesso e melhores desfechos para os pacientes. A partir daí, o potencial é enorme. Identificar pontos de desperdício de recursos ou antecipar prognósticos de doenças, por exemplo, podem nortear ações de melhoria de procedimentos ou programas de prevenção. Há ainda uma série de aplicações possíveis – e muitas outras que ainda vão surgir.
Fundamental lembrar, porém, que cuidar do outro exige mais do que tecnologia. Na história, a identificação de episódios de atenção ao adoentado, com a aplicação de curativos a fraturas, por exemplo, está diretamente associada a um estágio evolutivo da espécie. Isso não se perderá jamais. A mão, os olhos, os ouvidos e a sensibilidade humanos sempre serão essenciais para diminuir a dor ou curar o outro.