Falcão fala sobre seu negócio imobiliário e conexão com o estado que o consagrou
Quando Alessandro Rosa Vieira, o Falcão, Quando Alessandro Rosa Vieira, o Falcão, trocou o caos de São Paulo pela tranquilidade de Jaraguá do Sul no ano de 2003, ele não imaginava que aquela decisão mudaria não apenas sua carreira esportiva, mas definiria os rumos de seus negócios para as próximas décadas. Hoje, sete anos após se aposentar das quadras profissionais, o maior jogador de futsal de todos os tempos revela que Santa Catarina continua sendo o epicentro de seus investimentos e de sua vida pós-esporte.
“Foi a melhor escolha profissional que eu podia ter feito”, afirma Falcão, ao relembrar a mudança que o transformou de um atleta esgotado pela rotina paulistana em um dos maiores ícones do esporte brasileiro.
A matemática era simples, mas cruel: três horas diárias no trânsito, saindo de casa às 8h30 da manhã e retornando apenas às 8h30 da noite. Para um atleta de alto rendimento que precisa estar 100% focado, aquela rotina era insustentável. “Praticando esporte de alto nível, você jamais teria condições de estar 100% naquela situação”, reconhece.
A mudança para Jaraguá do Sul não trouxe apenas qualidade de vida, trouxe títulos. Foi no interior catarinense que Falcão conquistou o título mundial pela seleção brasileira e foi eleito melhor jogador do mundo múltiplas vezes.
Mas além das estatísticas, o que o ídolo mais valoriza é a conexão única que estabeleceu com a comunidade local. “O torcedor que você via na arquibancada vibrando você encontrava na padaria no dia seguinte. Era uma coisa muito diferente, muito motivacional.”
Essa proximidade com o público se traduziu em ginásios lotados, primeiro no Parque Malwee e depois na moderna arena, onde a energia se multiplicava a cada partida. “Se eu pudesse voltar no tempo, seria para lá que eu voltaria”, confessa o craque.
O empresário que nunca teve empresário
Enquanto muitos atletas delegam suas finanças a terceiros, Falcão sempre nadou contra a corrente. Desde o início da carreira, optou por cuidar pessoalmente de seus negócios e investimentos. Uma decisão que hoje ele considera tão estratégica quanto qualquer jogada nas quadras.
E suas decisões têm sido consistentes: boa parte de seu portfólio de investimentos imobiliários está concentrada em Santa Catarina. O relacionamento com o estado, iniciado ainda durante seus anos em Jaraguá, evoluiu de uma simples moradia para uma estratégia de negócios de longo prazo.
“Quando morava em Jaraguá, comecei a investir em imóveis no estado e sigo até hoje”, conta Falcão, que enxerga Santa Catarina como “um Brasil dentro do Brasil”. Para ele, o estado representa um diferencial único no país: “Tem muito ainda a desenvolver e crescer. É um estado referência no Brasil.”
A filosofia financeira de um campeão
Para os jovens atletas catarinenses que sonham seguir seus passos, Falcão é direto, “esqueçam quanto vocês ganham e foquem no que fazem com o dinheiro.”
Sua receita é simples, mas disciplinada, estabelecer um percentual intocável dos ganhos, fazer investimentos pensando no longo prazo. “Se você tiver esse foco de guardar e tiver paciência, em algum momento vai fazer muita diferença na sua vida.”
Outro conselho valioso: planejar o pós-carreira enquanto ainda está no auge. “É muito importante focar em alguma coisa que você tenha aptidão para depois que parar. Seguir sem ser empresário fora do esporte é muito raro acontecer, porém muito importante.”
A aposentadoria que nunca aconteceu
Oficialmente, Falcão se aposentou em 2018. Na prática, ele nunca parou. Com uma média de cinco a seis eventos por mês espalhados pelo Brasil e exterior, o ídolo descobriu que sua carreira após as quadras profissionais poderia ser tão intensa quanto durante. “Eu não sentia aquela coisa de ‘ah, parei de jogar, vou sumir em dois anos’”, diz. “Hoje me sinto muito mais reconhecido.”
O dado mais surpreendente: 50% do público que lota os ginásios em seus eventos é infantil, muitas vezes jovens que nem chegaram a vê-lo jogar profissionalmente. E Santa Catarina continua sendo o estado que mais o procura. “Em toda cidade de SC que vou hoje, em algum momento passei por ali jogando. Rodei o estado de ponta a ponta por oito anos.”
O futuro do futsal e as oportunidades em SC
Apesar de reconhecer que o futsal perdeu espaço na mídia nacional, Falcão é otimista quanto ao futuro do esporte, especialmente no Sul do país. “É o esporte mais praticado do Brasil, faz parte da vida de todo menino. O futsal vai sempre existir.”
Para ele, Santa Catarina tem vantagens competitivas claras no cenário do futsal nacional. As empresas catarinenses enxergam o esporte como um retorno de investimento excepcional. “Você tem mídia nacional com o time da sua cidade. É um custo-benefício muito bom.”
Com várias equipes catarinenses na Liga Nacional de Futsal, o estado consolidou-se como uma potência do esporte. “As cidades abraçam os projetos. Santa Catarina e o Sul do Brasil têm uma facilidade maior em relação ao futsal.”
O desafio, segundo Falcão, é surgir novos ídolos que transcendam a bolha do esporte. “Minha geração entregou isso muito bem”, pondera.
Legado além das quadras
A história de Falcão com Santa Catarina é mais que uma narrativa de sucesso esportivo. É um case de como um atleta pode construir uma relação de longo prazo com uma região, transformando conquistas em quadra em oportunidades de negócios sustentáveis.
Sua estratégia de investimentos focada no estado, aliada à manutenção de sua presença através de eventos e projetos sociais, cria um ciclo virtuoso, quanto mais investe, mais se conecta; quanto mais se conecta, mais oportunidades surgem. “Santa Catarina é um Brasil dentro do Brasil. É uma relação eterna.” E, pelo que tudo indica, extremamente lucrativa.
Falcão continua realizando eventos pelo Brasil, especialmente em Santa Catarina, levando o futsal a novas gerações enquanto expande seus negócios no estado. Seu exemplo serve de inspiração não apenas para jovens atletas, mas para qualquer empreendedor que busca construir legados duradouros.