A agricultura em Santa Catarina (SC) tem se destacado por sua capacidade de adaptação e inovação, mesmo diante de desafios significativos. Guilherme Grando, da Vinícola Villaggio Grando, compartilha suas perspectivas sobre como o estado tem conseguido resultados excepcionais em diversos setores, especialmente no agronegócio. Com uma história que remonta à agricultura familiar, SC viu surgir grandes empresas, tanto no setor de alimentos quanto na produção de proteína animal, além de avanços notáveis na fruticultura e na produção de grãos.
Grando destaca que, embora Santa Catarina tenha uma extensão territorial menor em comparação a outros estados produtores, sua produtividade é surpreendente. "Temos terras muito mais limitadas, e a presença de espécies como araucárias, cuja exploração é proibida, gera uma pressão adicional sobre os produtores. Contudo, essa realidade nos força a encontrar soluções inovadoras e sustentáveis," afirma Grando.
A Villaggio Grando é um exemplo claro desse compromisso com a sustentabilidade. A vinícola opera com uma área de preservação maior do que a área dedicada à fruticultura, grãos e gado. "Utilizamos tecnologia avançada e tratamentos fitossanitários de alta qualidade para garantir que nossos produtos não apenas atendam aos padrões de qualidade, mas também respeitem o meio ambiente," explica.
No contexto do agronegócio, Grando observa que, apesar das dificuldades, o setor tem demonstrado resiliência. "O agro é um setor que precisa preservar, cuidar e superar as adversidades. Trabalhamos longe das facilidades urbanas e enfrentamos desafios como leis trabalhistas desatualizadas e a necessidade de investimentos em tecnologia," comenta. A verdade é que os produtores são os maiores interessados em evitar o uso excessivo de defensivos agrícolas, pois esses são custos que afetam diretamente a rentabilidade.
O Brasil, como um dos maiores produtores de alimentos do mundo, tem conseguido otimizar o uso da terra de maneira mais eficiente do que muitos outros países. "A crescente população mundial demanda alimentos, e sempre haverá um mercado para produtos que atendem a essa necessidade, especialmente aqueles que podem ser industrializados, como a soja," argumenta Grando. A geopolítica e as mudanças rápidas no cenário global também exigem que Santa Catarina se mantenha atenta e adaptável.
A biotecnologia e outras inovações tecnológicas são bem-vindas no agronegócio, desde que apresentem uma relação de custo-benefício favorável. "Se conseguirmos acesso a tecnologias que proporcionem resultados com custos iguais ou menores, certamente adotaremos," diz Grando. Ele enfatiza que a evolução no setor não se dá necessariamente pela expansão das áreas cultivadas, mas pela adoção de novas tecnologias que aumentam a produção.
Entretanto, o "Custo Brasil" ainda representa um desafio significativo. Legislações desatualizadas, infraestrutura precária e o elevado custo de acesso a novas tecnologias dificultam a vida dos produtores. Grando acredita que, se o acesso a tecnologias de ponta se tornar mais viável, o agronegócio vivenciará uma nova revolução. "Já existem tecnologias que podem reduzir custos, minimizar o uso de agrotóxicos e aumentar a eficiência no campo. Precisamos garantir que todos tenham acesso a essas inovações," conclui.
Com uma abordagem equilibrada entre produção e preservação, Santa Catarina se destaca como um exemplo de como a agricultura pode ser não apenas produtiva, mas também sustentável. A visão de Guilherme Grando para o futuro do agro é clara: é preciso continuar inovando e se adaptando às novas realidades, sempre em busca de um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental. O potencial de SC no agronegócio é imenso, e o compromisso com a sustentabilidade e a inovação certamente abrirá novas portas para o futuro.
