Coluna de Moda - com Lis Faiad
De volta ao Brasil, mas ainda com o coração em Milão. A Semana de Moda Primavera/Verão 2026 foi uma das mais inspiradoras dos últimos tempos — uma mistura de emoção, herança e vanguarda que transformou cada desfile em uma declaração sobre o que é o luxo hoje.
O momento mais simbólico foi, sem dúvida, a homenagem a Giorgio Armani, na Pinacoteca di Brera. Após sua partida, a casa apresentou uma coleção silenciosa e reverente, como uma carta de despedida ao mestre. Blazers impecáveis e vestidos fluidos refletiam sua assinatura eterna: o equilíbrio entre força e suavidade. Ver nomes como Cate Blanchett e Richard Gere ali, emocionados. Foi testemunhar o fim de uma era — e o início de um novo capítulo para a moda italiana.
Entre os destaques criativos, MaxMara brilhou com o tema “Rococò Moderno” — uma alfaiataria etérea inspirada nas formas do século XVIII, reinterpretadas com organza, corsetssutis e a paleta icônica camel & black. Ian Griffiths provou, mais uma vez, que elegância é sobre estrutura e leveza.
Na Gucci, Demna apresentou sua primeira coleção completa para a casa em formato cinematográfico, com um curta estrelado por Demi Moore, Edward Norton e Elliot Page — um manifesto sobre identidade, ruptura e desejo.
Ferragamo, Maximilian Davis revisitou o glamour dos anos 1920 com texturas metálicas e silhuetas fluidas, traduzindo o espírito da marca em movimento.
Roberto Cavalli, sob direção de Fausto Puglisi, mergulhou no dourado absoluto em sua coleção “Golden Obsession” — uma ode à sensualidade e ao brilho que sempre definiram a casa. E enquanto o ouro dominava Cavalli, o laranja terroso aparecia como o novo tom do luxo na Bottega Veneta, em bolsas trançadas e peças de couro arquitetônico.
Na Diesel, Glenn Martens transformou o desfile em uma verdadeira experiência urbana, com códigos de rua e transparências desconstruídas — uma moda feita para a geração que questiona tudo.
Pucci, por sua vez, trouxe leveza e movimento, com estampas icônicas reinterpretadas sob um olhar gráfico e solar. Passei também pela presentation de Giuseppe Zanotti, o fashion show de Philipp Plein e pelos re-sees mais concorridos da temporada, como o da Ferragamo.
O que vi em Milão foi uma nova definição de luxo: não mais sobre ostentação, mas sobre liberdade. O verão 2026 vem banhado de luz, textura e emoção — e eu sigo inspirada, pronta para ver esse novo capítulo ganhar as ruas.