Vinícius Lummertz
A Serra Catarinense se destaca por seu imenso potencial econômico, oferecendo oportunidades para investidores que buscam diversificação e rentabilidade, além de atrair aqueles que desejam viver em um dos mais belos lugares da América do Sul. Algo semelhante ao que o Colorado representa para os EUA.
Como dizia o governador Luís Henrique, nossa Serra é uma nova Canaã, a terra prometida a Abraão, o fundador das três grandes religiões monoteístas. O Velho Testamento a descreve como a terra do leite e do mel: o leite, símbolo de nutrição e vida; o mel, sinônimo de doçura, prazer e celebração.
Com paisagens exuberantes, a Serra Catarinense tem grande vocação para o turismo ecológico, setor que mais crescerá no mundo nas próximas décadas. Equilibra uma produção agrícola diferenciada, de alto valor agregado, e uma localização estratégica entre a Serra Gaúcha e o litoral sul de Santa Catarina. Essa produção confere ao turismo regional sua autenticidade.
A Serra conta com acessos por Florianópolis, Vale do Itajaí, Serra Gaúcha e duas serras de tirar o fôlego. Tudo isso foi identificado em um estudo do BID durante meu período no Ministério do Turismo, documento essencial para compreender o potencial da região. O Banco Interamericano financiou esse projeto há mais de dez anos, validando o que muitos governantes ainda não assumiram plenamente: a Serra Catarinense tem um potencial extraordinário para o estado e o país.
Dados recentes mostram que a região cresce com suas próprias forças. A taxa de ocupação hoteleira atingiu seu maior patamar desde 2017, com um aumento de quase 5% na contratação de trabalhadores temporários, acompanhando a crescente demanda por serviços turísticos. Ao mesmo tempo, aumentou a oferta de leitos e apartamentos.
O turismo representa 12,5% do PIB de Santa Catarina, e a Serra Catarinense se consolida como um dos principais destinos do estado. Cerca de 72,1% dos visitantes são catarinenses, com destaque para Florianópolis (11,5%), Palhoça (9,7%) e Brusque (9%). O público do Rio Grande do Sul também cresceu, atingindo 11% do total, sinalizando um potencial ainda maior para ampliação do turismo.
Na vitivinicultura, a Serra Catarinense produz vinhos de altitude reconhecidos nacional e internacionalmente. Seus vinhedos, entre 900 e 1.400 metros acima do nível do mar, resultam em uma produção de 45,8 mil toneladas de uvas, com 3,2 mil hectares cultivados e mais de 2.300 produtores. O enoturismo, cada vez mais valorizado, representa uma grande oportunidade de crescimento.
A Serra também é a maior produtora de maçãs do Brasil, com São Joaquim respondendo por 300 mil toneladas anuais. A produção de frutas vermelhas, queijos artesanais e mel de altitude cresce constantemente, abastecendo um mercado gourmet que valoriza qualidade e procedência.
Com uma localização privilegiada, a Serra Catarinense permite a criação de roteiros turísticos integrados e um marketing digital mais eficiente e acessível nesta era da inteligência artificial. No entanto, ainda faltam empreendimentos-âncora de grande porte, como resorts e parques temáticos, além de infraestrutura aprimorada para parques naturais.
A Serra Catarinense tem potencialidades até mais autênticas que a Serra Gaúcha. Enquanto lá e em Campos do Jordão há uma emulação dos Alpes europeus, nossa Serra pode trilhar um caminho próprio. Neste momento de crescimento, o cuidado estético é fundamental. Precisamos crescer com planejamento responsável, mais conteúdo, mais inteligência e melhor organização. Devemos chamar talentos do Brasil e do mundo para consolidar nossa Canaã. Se quisermos alcançar o mundo, não podemos fazer isso sozinhos.